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A farinhada no Sertão Nordestino
    Contar a história da casa de farinha é resgatar este ofício da memória de seus mestres e mestras. Através da oralidade é possível conhecer as suas histórias e feitos, que não foram escritas nos livros de história, mas que permaneceram vivas em seus cotidianos e nas suas tradições.
    A casa de farinha vai além do processamento da raiz da mandioca e na sua transformação em alimento; ela é a extensão da casa familiar. Neste local as pessoas reafirmam seus laços identitários e culturais construindo e reconstruindo suas memórias e mantendo suas tradições.
    Cultivar mandioca é uma prática milenar. A forma de cultivar e processar as raízes tuberosas da mandioca foi herdada dos povos indígenas. Ao longo do tempo as técnicas culturais de processar alimento com a raiz da mandioca foram sendo passadas de pais para filhos, conquistando assim a soberania alimentar; armazenando seus derivados, como os vários tipos de farinha, e transformando-os em outros tipos de alimento, a exemplo da tão conhecida tapioca.
    Construir uma unidade de processamento de raízes, denominadas “casas de farinha” ou pequenas agroindústrias familiares, surgiu da necessidade de armazenamento do produto. Esta passou a ser mais do que um local de produção, tornando-se um espaço de reuniões familiares, com construções de laços de compadrios amizades, local para causos, troca de alimentos, e serviços (diárias) de ajudas mútuas. Um ambiente onde idosos, adultos, homens, mulheres, crianças podem compartilhar, ensinar e aprender seus ofícios de saberes, cumprindo assim sua missão de casa familiar e de produção de alimentos.
    Em termos de arquitetura é uma edificação, cujo estilo pertence ao modo construtivo vernacular (popular). Feita em terra crua com adobes e estruturas de forquilhas para sustentação, cobertura de telhas artesanais e madeiras retiradas do entorno. Seu ambiente é um espaço aberto para facilitar a dinâmica das pessoas no trabalho com a mandioca e assim, permitindo um maior número de pessoas possam contribuir no trabalho.

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